16 de jun. de 2012

É São João

Já ouvi da boca do Saudoso e filosófico Zezé Negromonte (que já ouviu de alguém):
 "O Homem é produto do meio."

Refletindo nosso perfil sócio-cultural fiquei pensando em nosso São João.

Tive a felicidade de alcançar um época de ouro falando em São João em nossa família, a família Elias de João Alfredo-PE .

José Elias da Silva - Sr Cajú um comerciante de nome em nossa cidade - modéstia a parte - reunia em seu Sítio Gabié, naquela época (1985, por ai) boa parte da família vivia em Recife e Olinda: Gonzaga e Digna em Olinda, Genival, Nicinha e Helena em Recife. Em João Alfredo: Toinho e Benízio.

Era uma espectativa danada, os meus primos todos de férias: Aldrin, Cristina, Carmem, Cláudia, Karla, Genival Júnior, Dedé, Flávio, Fabinho (Barraca) , Fred, Frederico, Cristiane, Rogério, Codó e Eu.

Uma rama de menino que não tinha tamanho.

Na cozinha Vó Caju (Dona Maria) preparava as comidas juninas, junto com Tia Helena o maior talento gastronômico que a Família Elias tinha no momento, a mulher ainda hoje dá Show na Cozinha, Ana Maria Braga não chega nem perto.

Sr Caju preparava a Fogueira, o Reune (Bacamarte) que dele herdei a arte de Bacamarteiro, os fogos e mandava quebar o milho pra pamonha, canjica, bolo e arrancava mandioca, colocando de molho para fazer bolos e pé-de-moleque.

Toinho de Cajú cuidava dos fogos e da parte musical, "A famosa radiola que a caixa era o fone", o repertório de Tio Tonhe tinha de tudo: Véi Faceta, Zenilton, Genival Lacerda, Trio Nordestino, Os 03 do Nordeste, Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, o homem tinha bom gosto.

Além da música ficava por conta de Tio Tonhe a adrenalina da festa pois quando ninguém menos esperava ele soltava um muscapé dentro de casa, isso mesmo, dentro de casa, passavam de 03 na porta.
Era uma resenha só.

Vó Caju braba, fumando numa telha e Tio Tonhe com seus gritos: "Olha aeeeeeeeeee, Olha aeeeeeeeeeee".

E a noite fogueira acesa, fogos comendo no centro, mesa farta, tiros de Reune, e as peripécias de Tio Tonhe.

Não há na nossa Família que não guarde isso pro resto da vida.

Voltando pra frase que ouvia de Sr. Zezé  Negromonte: "O Homem é produto do meio.", foi devido a essa vivência que construi meu gosto por nossa cultura, nosso forró atutêntico.

Naquela época nem precisava "chupar, mesmo sendo de uva" e nem "beber, cair e levantar" pra ser feliz.

Bastava chamar as meninas de tranças feitas no cabelo, rosto pintado e tome forró a noite todinha.

Lembro do São João de 1993 feito pelo Saudoso Cavalcanti Júnior, que foi o melhor São João de João Alfredo até hoje: Flávio José, Jorge de Altinho, Cristina Amaral, Assisão, Toinho do Baião e muito mais.
Era a época de Paulo Tonny e Eletrobanda, veja que nome mais futurístico, kkkk.
Quem não lembra do Palhoção da Rua da Fábrica, do Munguzá? Matem as saudades ai:


Naquela época, eu aluno de 2º Grau no Colégio Marista de Surubim, foi minhas primeiras noitadas, passava a noite tooooooooodinha pra criar coragem pra chamar uma menina pra dançar.
Quando conseguia saia de peito estufado pra casa, se achando o homem mais sedutor do mundo, nem beijo saia, mas a sensação era de ter feito amor com a mulher mais gostosa do mundo. O Tempo Bom!!!

Depois mais na frente, outra grande alegria pra minha vida: Forró Casa de Taipa, quem não lembra, todos os domingos, a hora de começar quem dava era o Padre, só começava depois da Santa Missa aos Domingos.
Tudo começou em 13 de abril de 2002, na Antiga Discoteca de Sr Zezo do Bar, eu e Nelson do Acordeon criamos a Casa de Taipa, e até hoje deixa saudades, mas ela vai voltar, pode confiar.


Hoje a coisa é diferente, em pleno Centenário de Luiz Gonzaga temos em Limoeiro, cidade que nasci e gosto muito: Bruno e Marrone, Roberta Miranda.

Não tenho nada contra, até tenho disco de ambos, mas tudo no seu tempo, o Sanfoneiro passa o ano todo "chupando cú de passo", como diz o matuto e quando chega a hora de lavar a égua, vamos chamar o povo do Sul. Perguntas:

Estamos em pleno Centenário de Luiz Gonzaga, seria essa as atrações para tal comemoração?

Quando forem comemorar os 100 anos da Música Sertaneja, vocês acham que vão chamar: Petrúcio Amorim, Jorge de Altinho, Nordestinos do Forró pra tocar em São Paulo?

O Tempo bom do São João que era nosso, que não precisava de putaria, de esculhambar a mulher e nem de exaltar o Alcoolismo para comemorar o São João.

Para endossar minhas palavras nada mais nada menos que o Mestre Lua:

São João Antigo Luiz Gonzaga
 
Era a festa da alegria (São João) Tinha tanta poesia (São João)

Tinha mais animação Mais amor, mais emoção Eu não sei se eu mudei Ou mudou o São João
Vou passar o mês de junho Nas ribeiras do sertão Onde dizem que a fogueira Ainda aquece o coração

Pra dizer com alegria Vai chorando de saudade Não mudei meu São João Quem mudou foi a cidade 




2 comentários:

  1. Assino embaixo cada vírgula do primo Duy. Nenhum membro de nossa família que tenha tido a felicidade de estar nas festas juninas no Gabioé que não lembre das noites maravilhosas que a família Caju Elias se reunia lá. Sou grato a Deus pela família que tenho e pela infância maravilhosa que tive nas terras Joaoalfredenses. Cada palmo daquele sitio,tirar fruta, andar de jumento, tomar banho de açude, sair com meus amados Vo Caju e Vo Maria de madrugada no jipe, a feira da 2a, discoteca do Zezo, a quadra, as festas de rua de final de ano com o carrossel movido a forró e munheca,a onda, o jaú, os balanços, os campeonatos de volley, o abrigo, Damião dando cavalo de pau num Dodge, as lendas de Luis Ventura, os quadros de china, o cruzeiro, os sermões de padre Jonas, as romarias de Frei Damião, as procissões, os bois brabos passando para o matador, .... Muitas saudades de tudo isso e muito mais que não coloquei aqui e pessoas amigas que não citei..... Bom, é São João... Vamos aproveitar do jeito que podemos !!!!!

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  2. É isso amigo, a frase: "a infância que não volta mais" faz cada vez mais sentido não é? Não só pela idade cronológica mas, e principalmente, pela mudança nos costumes causada pela globalização desenfreada. Olhe só o abismo entre as brincadeiras, as festas, o convívio entre os amigos da nossa geração e das crianças e adolescentes de hoje (e veja que é apenas 1 geração). Perceba como é difícil reproduzir aquele ambiente que vive em nossas memórias. É uma pena! Parabéns pela crônica e pelo vídeo (foi uma grata surpresa vê-lo).

    Fabiano Lopes

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